sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Fundo do Poço






O fundo do poço... parece clichê a minha figura taciturna num bar cheio de prostitutas, bebendo uísque barato, enquanto o barman tenta expulsar alguns baratas que rondam pelo balcão. Talvez em outra ocasião até sentisse nojo, mas não hoje, não nesse lugar, a decadência tem cara. Percebo que quanto mais vozes gritam em sua cabeça, mais calado você fica para o mundo, sempre temos algo a esconder, a minha quietude camufla a angústia. Embora seja involuntário soa tão falso, mas que se dane! Para quê cuspir um papo chato, melancólico a ouvidos indiferentes? Com certeza, não levaria sequer uma dessas rameiras para cama, independente da quantia que pagasse. Os fantasmas de cada um já são assombrosos demais, ninguém precisa se assustar com o dos outros.


Um cheiro passa pelas minhas costas fazendo me virar, nada brusco para não dar alarde, mulher! Ainda bem que é uma mulher, hoje em dia nunca se sabe. Seu corpo, seu rosto, seu cheiro, tudo nela exala sexo. Depois do que aconteceu durante o dia me sinto até mais promíscuo do que o habitual, algo parecido com consciência pergunta: como pode pensar nisso agora? Sexo é instintivo, é ele que me faz acreditar que evoluímos de um maldito macaco. O tesão que sinto agora não tem nada de casto, sequer passa perto do que se prega nas igrejas. Pode rir Satanás, sente-se ao meu lado e tomemos um copo de uísque juntos, luxúria sem dúvida é um pecado delicioso e se for você o inventor, meus parabéns!

Ela me revela um sorriso despretensioso, mesmo assim só consigo pensar, que vadia gostosa! Ergo meu copo em reverência e o viro de uma vez em sua homenagem. Uma das prostitutas percebe meu flerte com a estranha, por algum motivo desconhecido por mim, resolveu marcar território vindo ao meu encontro me abraçando por trás. Desabotoou minha blusa e deslizou suas unhas grandes e falsas sobre meu peito peludo, por que permiti? Eu queria que ela visse além da sarjeta em que me encontro agora, um “rei sujo”, governando um “reino de merda”, a realidade da cena, longe do meu intento, faz-me me sentir patético.

O que ela faz diante a cena? Sorri. Ela sabe do meu desejo, fica óbvio basta olhar para minha calça, sabe que se quiser basta fazer um movimento consensual para me ter, o que me faz me sentir mais patético.

Seus dedos deslizam sobre a borda de seu copo, seus lábios umedecem uns nos outros. É um jogo de sedução tão óbvio, há minutos atrás talvez pudesse me ludibriar, sua beleza camuflaria sua inexperiência, porém não há nada que possa fazer diante a marca viva em seu dedo na mão esquerda, revelando um compromisso desfeito. O que veio buscar aqui? Redenção? No inferno? Entre tantos anjos decaídos só vai conseguir mais pesar.

Uma visão poética é só o que me faltava, eu sei o que ela veio buscar, sei exatamente do que precisa. Bebo meu uísque, desvencilho-me das garras da puta e jogo sobre o balcão, quantia necessária para pagar o meu e o seu drink, a puxo pelo braço. Reage mais surpresa do que combativa ambos sabemos o que queremos e do que precisamos, estamos apenas pulando etapas.

A levo para um beco escuro, sinto sua boca procurar a minha com sofreguidão, sua farsa de mulher fatal e sedutora se esvaiu, denota toda sua fragilidade de ex. esposa malcomida.

Rasgo sua blusa, seus seios saltam de encontro minha boca, enquanto minha mão avança por debaixo do seu vestido, a essa altura até suas coxas estão banhadas. Essa mulher precisa de um gozo indescritível é tudo o que consigo pensar no momento, então me ajoelho na sua frente. Rendida, submissa num lar melancólico provavelmente ofuscada numa cama cara e sem emoção, “um papai e mamãe”, de cinco minutos eternos, ela se surpreende ao me sentir devora-la, coitada nunca deve ter sido chupada, nunca viu um homem de joelhos diante si, preocupado apenas com seu prazer. Suas pernas entram numa tremedeira alucinante, sinto o gosto do seu gozo, ameaça se desfalecer, mas não, romantismo não nos compete, anjos não entoaram acordes nupciais. Que se foda a porra toda!

Suas pernas bambas a rendem ao chão, exatamente a posição que esperava. Olha-me assustada quando me mantenho erguido abrindo a braguilha da calça, seu susto se dá por conta da minha despreocupação com seu estado ou por que nunca chupou um pau?

Invado sua boca sem licença, ela tenta controlar meu ímpeto o segurando, tentando tomar as rédeas da situação, mas forço como se entrasse em sua buceta. Perde o fôlego e se afasta, foi à opção que lhe deixei, se render. Agarro seus cabelos e a trago de volta, permito que dessa vez faça no ritmo que lhe convém, tem a real noção do jogo de adulto no qual se envolveu. Penso em todas as transas sem graça que essa criatura deve ter tido, seu ex.marido lhe tirou todo seu potencial, transformou uma vadia numa reles dona-de-casa, idiota!
Sua chupada fica cada vez melhor, sua língua desliza com leves mordidas. Observa-me, quer ser agraciada com minhas expressões de prazer, sim ela espera por honrarias, mas não hoje. A ergo com violência e a faço se apoiar na parede, suas pernas dão uma leve titubeada e antes de ameaçarem fraquejar, sua buceta mais do que molhada, me recebe dentro de si.

Tão apertada, tão quente, mulheres malcomidas são melhores do que virgens, sabem o querem, fantasiaram isso por muito tempo, virgens se sentem especiais demais, uma merda!

Seus gemidos me enlouquecem me incentivam a ser cada vez mais selvagem, sua pele branca fica vermelha das minhas mordidas em suas costas, das minhas mãos que a apertam com força. Pede pelo meu gozo, sua rendição, não aguenta mais gozar, suas pernas a sustentam a contragosto, em mim, sua reação, gera um sorriso de escárnio e prazer. “Você é minha!” – minha frase de desprezo ao seu cansaço, a estoco com mais força. De tão assada ela tenta se desvencilhar se debatendo, controlo seu ímpeto a segurando e ficando meus dentes em seu pescoço, como um vampiro insaciado, mas não é sangue que busco, e sim a última gota de gozo que possa me oferecer.

Essa mulher me rejuvenesceu vinte anos, num ato desesperador me oferece a boca para eu gozar, pensa se talvez isso me convença a abandonar sua buceta. Saio de dentro dela, mas só para penetra-la por trás, finalmente faço a ex. dona-de-casa abandonar todo requinte de mãe do lar, os palavrões ecoam de sua boca, ela grita, porém não faz menção de me conter, faltava isso para sua fantasia. Entre xingamentos e palavrões são suas frases devassas que me incentivam a enraba-la com mais força. Uma puta, era como ela queria se sentir, tinha chegado a hora de coroar aquela transa, saio de dentro dela e a ponho de joelhos na minha frente, meu pau procura por sua boca e ela não tira os olhos dos meus, meu gozo sai de forma ardida, sua boca não comporta tudo, então permiti que uma parte saia indo de encontro aos seus seios, sinto-me um animal e ela uma vadia, ambos conseguimos ser os “personagens” que esperávamos ser.

Recomponho-me e viro-me, não há o quer dito, ao dar os primeiros passos, sinto sua mão tocar a minha, inferno! Era só o que me faltava – pensei naquele instante mudo. Mas para minha surpresa, aquela rosto quase casto, uma boneca de porcelana suja de esperma, o “anjo corrompido”, traz-me de volta ao mundo e sua sujeira – “Você me deve cinquenta reais.” – uma puta... no fim das contas comi uma puta! Busco minha carteira no bolso de trás e jogo o dinheiro no chão para que o apanhe, sob uma estrondosa risada, um subterfúgio para esconder toda minha imbecialidade, não venci o jogo, na verdade, nem sei qual foi o jogo. Mulheres, não importa a situação, sempre serão o que quiserem fatais, sensuais, puras, seus mistérios tem natureza própria, ainda bem que na minha condição de homem, pouco me importe, “maldito rei”, dum “reino de merda”, eu sou uma besta!



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